terça-feira, 4 de junho de 2013

Mãe é proibida por traficantes de ir ao túmulo do filho


A vida de Maria Edileuza, mãe do traficante Edineudo Ferreira Facundes e do ex-presidiário Francileudo Ferreira Lima, ambos assassinados aos 25 anos por causa da guerra entre as quadrilhas da Mangueira e Coqueirinho, é um desassossego. Para sair e retornar com vida para casa, na rua Neném Arruda ( São Miguel), ela precisa trocar de roupa para tentar despistar os inimigos dos filhos. “Saio com uma e volto com outra”, me diz.

Não há trégua. Quando o filho mais velho, Edineudo, foi assassinado em 2006, Maria Edileuza teve de deixar de ir ao cemitério visitar o túmulo dele. Da outra banda do bairro, do Coqueirinho, recebeu o recado que iriam lhe emboscar.

Filha de um pescador do município de Aracati, Maria Edileuza chegou para morar com a família na rua Neném Arruda quando só havia terrenos desocupados e uma abundância de pés de mangueiras. Eram poucas casas onde hoje há um emaranhado de becos e ruas estreitas. 

Dona Maria Edileuza rejeita a pecha de ter construído seu patrimônio favorecida pelo dinheiro do tráfico de drogas. Atividade atribuída por ela ao filho Edineudo Facundes. As oito casas que possui na comunidade e alguns terrenos “bons”, garante a mãe, sãos frutos do trabalho “honesto e da lida com o mar”.

Na beira da praia do Mucuripe, em Fortaleza, ela é proprietária de uma lancha que pesca lagosta e peixes diversos. É como sustenta a própria vida, a dos filhos e ajuda e socorrer a vizinhança de mães protegidas por ela e os filhos. “Aqui, não chega a Prefeitura nem o Estado. Canso de pagar conta de água ou luz. Festa para crianças, somos nós que fazemos”, orgulha-se.

O POVO tentou ir ao Coqueirinho, mas recebeu a recomendação de não entrar na comunidade por conta da insegurança. (DT)


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